sábado, 25 de abril de 2009

Azul de Liberdade




Era assim na sua casa das Mónicas em Lisboa, nesse tempo antes da revolução que Sophia celebrava e esperava a Liberdade, junto de poetas, pintores, figuras da oposição, que entravam às horas mais bizarras, recitavam-se poemas, conversava-se madrugada fora, contra as horas obscuras da ditadura. E no centro de tudo, Sophia, esperava "o dia inteiro e limpo", que havia de vir.


E veio. E no primeiro 1º de Maio que os portugueses puderam celebrar juntos como nunca em liberdade, Sophia disse: "A poesia está na rua".

Celebrando o dia da Liberdade, lamento profundamente as trevas que nos tolhem a esperança, nos confinam à tristeza, ao vazio de letras e sonhos, em cores desbotadas de uma vida na ausência da alma.

Também eu espero esse dia "inteiro e limpo" a que havemos de tornar, talvez pela poesia pura e nua...




Liberdade

Aqui nesta praia onde
Não há nenhum vestígio de impureza,
Aqui onde há somente
Ondas tombando ininterruptamente,
Puro espaço e lúcida unidade,
Aqui o tempo apaixonadamente
Encontra a própria LIBERDADE.


Sophia de Mello Breyner Andresen

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